27.6.13

not to love [more]



Michelangelo Antonioni.  
L'Eclisse [1962]

24.6.13

amor | deserto















 O amor, esse motivo pelo qual se pode falar de filmes grandes. O deserto como dimensão sagrada da vida e da morte. Embora paciente, um amor definido nos extremos dessa dimensão.

22.6.13

en aimant toute seule

Je crois trop en l'amour é um deserto debaixo do empedrado.

21.6.13

lugares incomuns

Helvética | 2013

19.6.13

domingo|o dia inteiro


George: "Amanhã é Domingo. -- [silêncio] -- O dia inteiro." 
Como todo um filme -- toda uma peça de teatro, aliás, uma vida inteira -- pode ser encerrado numa só frase.

17.6.13

callas

Maria Callas é uma das minhas mulheres, umas das mulheres a quem poderia dizer: - Dói-me viver. - E ela, em silêncio, compreenderia a minha dor antes de eu a dizer. Há muitos anos que me dói viver. Por vezes, mais concretamente, dói-me como a dor aguda na ponta de um dedo cortado. Outras, menos concretamente, como as dores de parto que nenhuma mulher sabe explicar.

10.6.13

amor e ódio

Só sinto dois tipos de amor. Não o maior ou o menor, mas sim o amor que sinto pelos meus vivos e o amor que sinto pelos meus mortos. E sinto um único tipo de ódio. O ódio de não poder salvar nenhum deles, os vivos do sofrimento; os mortos, da morte. O resto é só vida mais ou menos estúpida. Ocupações de bolso.

7.6.13

all i love

Ser matéria de Deus era a minha única bondade. E a fonte de um nascente misticismo. Não misticismo por Ele, mas pela matéria d'Ele, mas pela vida crua e cheia de prazeres: eu era uma adoradora. Aceitava a vastidão do que eu não conhecia e a ela me confiava toda, com segredos de confessionário (...) e com o ardor de uma freira na cela.

Clarice Lispector| Do conto: «Os desastres de Sofia».

1.6.13

garry winogrand

Quando eu tinha 19 anos, queria ser como as mulheres fotografadas por Garry Winogrand. Aliás, eu já era uma dessas mulheres que eu, então, ainda não conhecia. Eu era o cume inflamado dos seios das mulheres tímidas, sem soutien, de Garry Winogrand e gostava, como ainda gosto e prefiro, não necessariamente contrariando o já crescente anglo-saxonismo da minha geração, de falar francês. Esta língua, o francês, que só actualmente me parece uma língua polida demais, uma língua que sai à rua de soutien posto, uma língua terna, é certo, aveludada, mas sem flama, sem espasmo, uma língua cuja palavra cu soa a face e que não pode ser usada por um emigrante que, no momento da fragilidade, pretenda defender a sua honra, ou por alguém que se encontre no lugar firme de uma boa foda.