24.11.12

erros triunfantes



























Não desisto. Tenho a noção de que toda a minha vida cabe numa partitura Preisner; é simples: há um começo que me aproxima da batalha e uma batalha decide sempre o regresso a casa ou um holocausto sem retorno à tranquilidade dos lagos; há um conto de amor que desagua para morrer algures entre a batalha e o regresso a casa, lugar que as montanhas frias escondem por serem mães protectoras da cidade. Tenho a noção de que o que está escrito para trás ainda não presta nem retine e continuo com os mesmos erros: por ora, não altero o que está, deixo estar o que está como está, o blogue e demais cadernos são meus embora os erros não sejam ainda meus, mas a fé com que alimento os erros também é minha. Continuo a dizer a mim mesma que vale a pena procurar as cem mil razões que me levaram a errar uma vez, duas, três vezes, porque sei que pelo encontro e a explicação dessas cem mil razões poderei recriar os erros para que um dia mereça os meus próprios erros: então não terei perdido tudo e também por isso não terei de alterar nada; o nada inalterável não se perde nem se ganha, e porque ocupa pouco espaço -- o espaço de um bolso -- nada caberá sempre numa partitura Preisner, que é simples: está repleta de erros triunfantes à espera do progresso difícil dos meus próprios erros.