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A cidade é biológica. A sensação mais forte e primária que ela desperta vem-lhe do volume que lhe confere profundidade; sem volume não haveria espaço para as pessoas e os objectos, não haveria condição possível para a projecção das nossas acções, da nossa energia, da nossa vida. Sem volume, não haveria espaço para o tempo descontínuo, para a totalização descontínua das nossas experiências ópticas. A forma convencional e estática dos corpos e dos objectos é destruída e reconstruída para dar lugar à experiência pluridimensional do tempo dos corpos e dos objectos, porque o tempo da cidade dos Homens é, acima de tudo, o espaço pluridimensional do Homem vivo. Por exemplo, a fachada é a pele da existência humana e nem mesmo ela é um motivo estático, porque a fachada é uma pele que se constrói para dentro, onde tudo pode acontecer.