30.6.13
27.6.13
24.6.13
amor | deserto
O
amor, esse motivo pelo qual se pode falar de filmes grandes. O deserto
como dimensão sagrada da vida e da morte. Embora paciente, um amor definido nos extremos
dessa dimensão.
às
23:29
22.6.13
21.6.13
19.6.13
domingo|o dia inteiro
George: "Amanhã é Domingo. -- [silêncio] -- O dia inteiro."
Como todo um filme -- toda uma peça de teatro, aliás, uma vida inteira -- pode ser encerrado numa só frase.
às
23:16
17.6.13
callas
Maria
Callas é uma das minhas mulheres, umas das mulheres a quem poderia
dizer: - Dói-me viver. - E ela, em silêncio, compreenderia a minha dor antes
de eu a dizer. Há muitos anos que me dói viver. Por vezes, mais
concretamente, dói-me como a dor aguda na ponta de um dedo cortado.
Outras, menos concretamente, como as dores de parto que nenhuma mulher
sabe explicar.
às
23:00
10.6.13
amor e ódio
Só
sinto dois tipos de amor. Não o maior ou o menor, mas sim o amor que
sinto pelos meus vivos e o amor que sinto pelos meus mortos. E sinto um
único tipo de ódio. O ódio de não poder salvar nenhum deles, os vivos do
sofrimento; os mortos, da morte. O resto é só vida mais ou menos
estúpida. Ocupações de bolso.
às
21:53
7.6.13
all i love
Ser matéria de Deus era a minha única
bondade. E a fonte de um nascente misticismo. Não misticismo por Ele,
mas pela matéria d'Ele, mas pela vida crua e cheia de prazeres: eu era
uma adoradora. Aceitava a vastidão do que eu não conhecia e a ela me
confiava toda, com segredos de confessionário (...) e com o ardor de uma
freira na cela.
Clarice Lispector| Do conto: «Os desastres de Sofia».
Clarice Lispector| Do conto: «Os desastres de Sofia».
às
21:34
1.6.13
garry winogrand
Quando eu tinha 19 anos, queria ser como as
mulheres fotografadas por Garry Winogrand. Aliás, eu já era uma dessas
mulheres que eu, então, ainda não conhecia. Eu era o cume inflamado dos
seios das mulheres tímidas, sem soutien, de Garry Winogrand
e gostava, como ainda gosto e prefiro, não necessariamente contrariando
o já crescente anglo-saxonismo da minha geração, de falar francês. Esta
língua, o francês, que só actualmente me parece uma língua polida
demais, uma língua que sai à rua de soutien posto, uma língua terna, é
certo, aveludada, mas sem flama, sem espasmo, uma língua cuja palavra cu
soa a face e que não pode ser usada por um emigrante que, no momento da
fragilidade, pretenda defender a sua honra, ou por alguém que se
encontre no lugar firme de uma boa foda.
às
01:45
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