Her [Spike Jonze/2013] não é um filme que
coloca o futuro dos Homens em laboratórios virtuais. O que ali a
dimensão virtual traz de novo não é a experiência protésica que
desmaterializa o Homem e o mundo reais, mas sim a nova experiência maquínica
que, enxertada na pele humana, vem, pelo contrário, intensificar muito
mais a dimensão da experiência sensível do humano e do mundo reais. A
experiência da realidade sensível ganha, pois, alargamento no
laboratório virtual, no entanto, o Homem de Her não é o Homem da nova
sensibilidade artificial, mas o Homem que, agora a partir de novos
corpos de mediação simulacral, não escapa jamais ao retorno ao tempo e
ao espaço da sensibilidade antiga. Neste filme belíssimo e esmagador,
nunca o Homem poderia ter sido mais colocado em si mesmo.