13.11.13

a mãe

Leio, pela noite dentro, o livro A Mãe, de Maximo Gorki. Deixo-me chorar de vez em quando, porque me comovo sempre muito nos sonhos dos outros, no modo gigante como quantos pequenos Homens (e tão poucos, afinal, para a imensidão do mundo) souberam criar tanto e tão bem em torno de nada e para nada: porque o sonhador é o enorme criador de tudo afinal para nada, de tal modo o sonhador nasce para a orfandade total do mundo, de tal modo o sonhador nasce apenas sozinho para si mesmo, num mundo sem apoio dos Homens em geral e tão-pouco dos outros sonhadores em particular, cada qual órfão de tudo e, por isso, cada qual criador de nada e para nada. Cada qual a precisar, afinal, apenas da Mãe, a mãe ventre e a mãe metáfora. A mãe que nos salve disto tudo.