24.11.12

estado de código

























É muito difícil, talvez impossível, encontrar um retrato de Annemarie em que a mesma esteja a sorrir, a rir, a soltar uma gargalhada já seria mais do que impossível. Está quase sempre séria, com o olhar virado para dentro (espelho de uma alma quase física e parece estar doente), o olhar muito ensimesmado; por vezes, até, muito perturbado e, acima de tudo, supõe-se terrivelmente triste. No contorno do olhar de Annemarie surge-me uma sensação de limite que se impõe entre o olhar e a massa física do corpo. Aquele olhar, do modo como é capturado pelo meu olhar, vai no sentido do abandono do corpo, tal como as peças de Arvo Part vão no sentido do abandono do piano. Um olhar que avança para um estado de código; como o do Buster Keaton, parece que nunca se riu na vida e que não fazia nada por isso; simplesmente parece que nunca se riu nem haveria de rir e há qualquer coisa de muito confortável nisto que eu não ouso tentar explicar.