Ergui a cabeça para ver melhor a grande fachada industrial e herdei imediatamente o poder vivo e heterogéneo da cidade que me ocupava. Interessei-me pelos projectos do mundo em apenas um recorte urbano e nele senti a força lírica e invisível dos detalhes que animam o corpo e alegram o espírito. Fiz o meu olhar intervir em torno do que sentia e não fui capaz de esboçar uma única linha sobre o que via e o que não via. Restou-me a esmagadora sensação de não ter tido com quem partilhar a distância que um olhar rapidamente a tudo me unia e desunia. Tudo o que ali amei, amei sozinha. Enfim, tudo o que se ama, ama-se sozinho, e esta ideia tão metida no plano das sensações cabe perfeitamente no bolso de umas calças.