24.11.12

arquitectura íntima




















E achavas tu que de Borges nada sabias e, afinal, faltava a evidência de que nada sabias. Estás no teu corpo, concebes um projecto de intimidade sem estradas, sabes que a tua porta dá para a rua do mundo e sais. Sem estradas, concebeste no teu corpo o tal mapa de linhas invisíveis, ruínas circulares e o jardim dos caminhos que se bifurcam e sempre existiram antes do conhecimento visível do conhecimento. É, pois, na pátria íntima que tu começas a consentir matéria à ideia, e é esta mesma pátria íntima que, no curso das tuas viagens, deves impôr à realidade dos encontros visíveis, não para que encontres a felicidade, mas para que mereças a matéria mais propícia à felicidade: como, por exemplo, uma rua qualquer compreendida para a evidência de um destino literário que tu, só agora, não conheces e começas a procurar.