Ser matéria de Deus era a minha única
bondade. E a fonte de um nascente misticismo. Não misticismo por Ele,
mas pela matéria d'Ele, mas pela vida crua e cheia de prazeres: eu era
uma adoradora. Aceitava a vastidão do que eu não conhecia e a ela me
confiava toda, com segredos de confessionário (...) e com o ardor de uma
freira na cela.
Clarice Lispector| Do conto: «Os desastres de Sofia».
Clarice Lispector| Do conto: «Os desastres de Sofia».