Por exemplo, esta cena. Uma cena de segundos
e, no entanto, uma cena que dura o tempo de um poema longo no seu estado
mais puro. Andrei Rublev, de Andrei Tarkovsky [1966], é mais do que uma
obra-mestra. É o eterno retorno da busca da obra-mestra.
Sei-a em toda a parte e, no entanto, ao lado de Andrei, tal como
Andrei, procuro-a em toda a parte. É do toque do sino que ela acabará
por se revelar. Aquele toque muda tudo. Tudo o que é invisível passa a
ouvir-se. De súbito, não é a imagem, mas sim o som que muda tudo.
Através dele, passamos a ver.